Luciano Martins dá voz a muitas causas em prol da Ilha
textos ANDRÉ SEBEN
Um artista plástico sediado em Florianópolis tem tudo a comemorar no aniversário de 350 anos da cidade que o acolheu e que o mostrou para o mundo. O gaúcho Luciano Martins, de Porto Alegre, começou sua história por aqui em 1992, quando recebeu um convite para trabalhar na lendária agência Propague, a convite de Roberto Costa. Como tantos outros, apaixonou-se pela Ilha e aqui ficou.
Com sua carreira consolidada na antiga Artplan Prime – dos primos Ricardo e Fernanda Bornhausen – ganhou mais de 200 prêmios nacionais e internacionais. Mas foi criando um cartaz para divulgar a mostra Casa Cor que definitivamente nasceu o ‘artista de Floripa’. Ainda sem pretensões de mudar de profissão, Martins viu seu cartaz na vitrine da Galeria Beatriz Telles Ferreira. “Um pouco assustado, fui perguntar à marchand se ela trabalhava com novos artistas. Assim começou minha carreira como artista plástico”, explica.
De lá para cá foram mais de três mil quadros produzidos, 120 mostras em países como França, EUA, Itália, Espanha, Portugal e Argentina, e inúmeras campanhas filantrópicas realizadas em prol de Florianópolis. Luciano descobriu ao longo de sua carreira que poderia usar sua arte para dar voz a muitas causas – e que seu trabalho poderia ser um agente transformador da sociedade. Ele desenvolveu ilustrações para mais de 100 Organizações Não Governamentais (ONGs), criando artes que ajudam a divulgar ou gerar recursos para quem mais precisa. Projetos para outras instituições voluntárias, hospitais, asilos, escolas, creches, igrejas, centros comunitários e pessoas necessitadas fazem parte desse escopo.
Reconhecimento
Como reconhecimento desse trabalho, sua galeria ganhou o Prêmio de Empresa Cidadã da ADVB/SC em 2021. Em 2022, Martins foi eleito pelo público o Artista Plástico do Ano, em pesquisa realizada pela agência Midaz.
Numa parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com o artista Rodrigo Gambin, ele emprestou sua arte para colorir gratuitamente inúmeros muros de escolas de Florianópolis. Essa relação com a educação não é de hoje. Há mais de dez anos ele abre as portas do seu ateliê uma vez por semana para receber alunos e professores para um bate papo artístico.
Luciano Martins é um dos artistas da sua geração mais estudado no Brasil. E Floripa sempre foi sua maior sua maior fonte de inspiração. Um lugar onde compartilha suas experiências e sonhos. Onde nasceram suas filhas, Aline e Julia. Certa vez, seu grande amigo e incentivador, o escritor Jair Francisco Hamms, chamou esse pedaço do Brasil de ‘caleidoscópio étnico’. “Uma definição precisa, não somente pela diversidade e riqueza cultural, mas pela vertigem que me provocou suas palavras e tudo o que envolve esta maravilhosa cidade”, conta.
“São tantas pessoas, tons de pele, sotaques e vocabulários, que nunca terei a certeza de que minha paleta conseguirá alcançá-los.”