ZENA BECKER: AMOR E TRABALHO POR FLORIANÓPOLIS

textos LU ZUÊ
fotos MARCO CEZAR

Aos 65 anos, a “grande dama de Florianópolis” – como define o amigo de longa data, o empresário Fernando Marcondes de Mattos –, Zena Becker, segue trabalhando intensamente pela cidade que escolheu como lar

Não poderia ser diferente… nem mais simples: “Eu amo essa cidade, e por mais lugar comum que possa parecer, quem ama cuida, quem ama quer o bem”, sentencia Zena. Nascida em Itajaí, ela chegou em Florianópolis aos 15 anos após perder o pai (a mãe havia falecido três anos antes), para morar com uma tia e estudar. Jovem ainda, Zena conta que trazia como exemplo de vida uma “veia colaborativa”. “Lá em Itajaí, meu pai era intendente do bairro onde morávamos, e nos ensinava que trabalhar juntos, pela comunidade, era a forma de realizar as coisas. O bom é que encontrei em meu caminho muitas pessoas boas, que pensavam da mesma forma que eu, e que amavam Florianópolis igualmente”, diz, citando o amigo Fernando Marcondes, a “quase gêmea”, Anita Pires, a amiga de vida e companheira de causa, Alice Kuerten, o publicitário Roberto Costa e o empresário Vinícius Lummertz, ex-ministro do Turismo e atual secretário estadual de Turismo em São Paulo.

Graças aos grandes amigos, às valiosas parcerias e à infindável disposição para trabalhar, há cinco décadas Zena vem elevando o voluntariado em Santa Catarina a um patamar de profissionalismo, às vezes trabalhando na promoção de simples ações beneficentes, em outras oportunidades à frente de importantes instituições (entre elas a Apae de Florianópolis e a Associação FloripAmanhã) e até mesmo ocupando cargos públicos. Sim, cargos públicos, porque os resultados exemplares e destacados de seu trabalho a conduziram, por exemplo, ao cargo de secretária municipal de Turismo da Capital, durante a gestão do ex-prefeito César Souza Junior, e à coordenação do movimento Floripa Sustentável (veja matéria na página 52).

Generosa, ela credita os resultados sempre positivos de seu trabalho ao suporte técnico que sempre fez questão de ter para tomar decisões. “Isso foi uma coisa que Fernando, eu e Anita sempre fizemos questão de fazer: falar sempre a partir do auxílio de pessoas capacitadas, que entendem dos assuntos que abordamos. Não me permito falas vazias, falar por falar”, explica, justificando que é preciso trabalhar em sintonia com o exército que se forma em torno de um objetivo comum.

Se a tal “veia colaborativa” veio de berço e foi o início de toda a caminhada, o amor por Florianópolis indicou as ações a tomar. Desde o primeiro momento em que chegou à Capital, Zena começou a cultivar a admiração pelos cantos e encantos da cidade. “Embora eu não seja uma pessoa que precise sempre tomar banho de mar, não posso viver longe dele. O mar me traz energia, diminui as tristezas, acalma… E aqui temos o melhor de tudo: somos uma cidade pequena, porém, com estrutura de capital, temos uma paisagem ímpar, o povo é acolhedor e o clima, extraordinário. O que mais a gente pode querer?”, pergunta. E na ponta da língua, ela tem lugares e cenários aos quais sempre dá posição de destaque: o pôr do sol em Santo Antônio de Lisboa, o vai e vem dos carros e pessoas na Beira-Mar Norte, as noites de Lua Cheia na praia Brava (“Você já viu? O mar fica prateado!”, justifica), a beleza natural da Praia do Santinho… e Zena segue enumerando pontos que quem conhece, admira.

Mas apesar da admiração por Florianópolis, ela nunca fechou os olhos para o que identifica como demandas ou carências da cidade, e muito menos fugiu do que considera uma responsabilidade cidadã. “Eu quero uma cidade desenvolvida, sustentável e inclusiva. E acredito que Florianópolis precisa de uma gestão eficiente e de cidadãos participativos, que saibam que cada um tem que fazer a sua parte”, afirma. Foi assim, segundo relembra, que ela e as “pessoas boas” que encontrou pelo caminho começaram a trabalhar para ajudar a construir uma Florianópolis melhor. “Essa relação que desenvolvemos nos fez ultrapassar os limites do sonho e partir para as realizações necessárias para conquistarmos uma cidade melhor para todos, com mais oportunidades, qualidade de vida e inclusão de forma geral. É essa união que faz a força, supera interesses pessoais e pratica a cidadania e o amor pela cidade”, explica.

Além disse tudo, Florianópolis é especial para Zena porque foi aqui que ela conheceu Raul Becker, e com ele formou uma família feliz. Juntos, tiveram três filhos (Samuel, Bianca e Ana Carolina), e viram a família crescer com cinco netos: a Ana Carolina, a Gabriela, o Davi, a Camila e a Catarina. Zena foi uma dedicada mãe e esposa, uma vó presente, mas nunca precisou deixar de se envolver em projetos que trouxessem benefícios para a cidade.

Pelo contrário: tanto os filhos quanto o marido acompanhavam na medida do possível sua dedicação ao trabalho voluntário, e sempre deixaram muito evidente o orgulho que sentiam pelo que ela fazia. Aplaudiram e apoiaram a decisão de enfrentar o banco da universidade e concluir a graduação em Administração e Marketing aos 48 anos. E depois, focar ainda em uma especialização em Gestão da Comunicação. Também em família, as conquistas sempre foram comuns.

Foi, inclusive, estimulada e impulsionada pelo marido que Zena aceitou voltar a coordenar a organização e realização da Feira da Esperança no ano de 2019, que após sucessivos fracassos estava em situação de ostracismo. Amparada no know-how de anos e nas parcerias sólidas que sua credibilidade sempre atrai, arregaçou as mangas e bateu um recorde de arrecadação: R$ 1.200.000,00 foram para o caixa da Apae naquele ano. E ela não economiza elogios ao marido. “Raul era assim. Anos antes já havia me dado muita força para assumir a Secretaria Municipal de Turismo, e sempre que eu me achava um pouco cansada – acontece com todo mundo, não é? – ele dizia: ‘O que decidires, vou te apoiar. Mas tens condições de fazer, e bem’. Ele foi sempre um grande parceiro, um companheiro maravilhoso, que se orgulhava das minhas ações e apoiava minhas decisões. E quando eu chegava tarde da noite em casa, literalmente acabada, sempre tinha tempo e disposição para sentar no sofá, conversar e massagear meus pés”, recorda.

Há cerca de um ano e meio, Zena perdeu o companheiro de 44 anos. Engenheiro eletricista, engenheiro de telecomunicações e alto executivo da área, Raul Becker faleceu em janeiro de 2020, pouco antes do início da pandemia. “Foram 44 anos de casamento, os dois últimos muito focados na doença e recuperação dele. Fui muito feliz, muito amada e muito realizada, e é claro que senti demais a partida do Raul”, conta com serenidade.

Mas ela já está a mil por hora, envolvida nos atendimentos da população e empresários que sofreram perdas provocadas pela pandemia.

Existe um segredo para essa disposição. Ela mesma dá a explicação: equilíbrio. “Eu busco equilíbrio em tudo. Lá naquele início, a pandemia me forçou a ficar em casa e me deu a oportunidade de viver a fase inicial do luto com mais tranquilidade. Hoje, ela mostra que preciso continuar vivendo, por mim e por tudo aquilo no que acredito e quero realizar”, diz.

Os famosos, lindos e expressivos olhos azuis seguem brilhando e encarando, de forma firme e confiante, o que vem pela frente. Plena, Zena Becker tem vontade – e muita disposição – para continuar vivendo intensa e alegremente, comemorando conquistas, aprendendo, ensinando e motivando quem queira seguir por esse caminho.

Seja pela função social que desempenha ou pelas batalhas que trava para que a Grande Florianópolis prospere de forma sustentável e integrada, Zena Becker faz a diferença. E o melhor: sempre, aberta para o novo!

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