UMA ROTA HISTÓRICA, CÊNICA, CULTURAL E GASTRONÔMICA
Nesta edição da Mural, Ike Gevaerd explora uma rota cênica pra lá de especial: a Ruta Del Vino Rioja-Alavesa. Como ele faz questão de frisar, além de cênica em sua essência, trata-se de uma rota que é também cultural e gastronômica.
A verdade é que não se pode falar de vinho de qualidade sem citar a Espanha (que junto da Itália e França responde por cerca de 45 % de toda a produção mundial), e quando se fala de produção de vinho na Espanha, muito provavelmente a região que mais se destaca seja a Rioja, que lidera a exportação de vinhos produzidos dentro das normas de origem.
A Rioja é dividida em três sub-regiões (Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Oriental), e apesar de ser a menor das três em área, a Rioja Alavesa tem papel de destaque no que diz respeito à qualidade dos vinhos e é, também, a que concentra a maior proporção de pequenos produtores: mesmo com apenas 21% da área, reúne 43% dos vinícolas da Rioja.
Por lá, as construções centenárias que abrigam as vinícolas convivem com obras de arquitetura projetadas por arquitetos reconhecidos mundialmente – tudo muito bem documentado, registrado e apresentado pelo Ike, que curtiu a viagem do início ao fim e trouxe detalhes dessa rota para os leitores da Mural.
Vamos viajar?
Fotos e Textos Ike Gevaerd
ONDE FICA
Serra da Cantábria, fronteira norte da Rioja Alavesa
Localizada no norte da Espanha entre o Rio Ebro e a Serra da Cantábria, a Rioja Alavesa produz alguns dos melhores vinhos espanhóis. Ela é uma das três sub-regiões que formam o departamento de La Rioja (Rioja Alta e Rioja Oriental são as outras duas). Faz parte do País Basco e é mais próxima do mar. Fica a 500 km de Barcelona e a 18 de Logrono – onde iniciamos o roteiro. Os aeroportos internacionais de Bilbao e Vitória Gaesteiz são outra opção de acesso.
Vinhedos emolduram as boas estradas
BODEGAS ICÔNICAS VANGUARDISTAS
YSIOS – ARQUITETURA PAISAGEM E VINHO
Impossível não perceber, mesmo de longe, o maravilhoso conceito arquitetônico da bodega Ysios, projetada pelo arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava. Segundo ele mesmo explicou, tudo foi pensado a partir da inspiração na própria paisagem – a cobertura, em alumínio, tem um formato sinuoso e suave, com um desenho que acompanha o movimento das montanhas ao fundo, e o formato da construção lembra os rochedos da região.
O edifício, concebido para se integrar à paisagem, tem pouco mais de 15 mil metros quadrados.
O arquiteto Santiago Calatrava, foi o responsável por este monumento a Baco, que remete à paisagem, não interferindo, mas completando-a. Esta obra e a Cidade do Vinho Marquês de Riscal são ícones da arquitetura vitivinicola mundial.
Seus parreirais estão inseridos num microclima protegido e propício para o cultivo das uvas que produzem seu excelente vinho.
Detalhes que valorizam a história
O Clube do Vinho da Ysios respeita a identidade da variedade Tempranilo a partir de uma seleção muito especial de barris onde são envelhecidos os vinhos especiais. Membros do clube possuem barricas próprias, dentre eles o Rei Juan Carlos I.
MARQUÉS DE RISCAL – LUXO, QUALIDADE E TRADIÇÃO
Considerada a vinícola mais antiga da Rioja, a Marqués de Riscal foi fundada em 1858 pelo 5º Marquês de Riscal, Guillermo Hurtado de Amézaga. Quando decidiu testar novos métodos e variedade francesas na sua propriedade em Elciego (ele vivia originalmente em Bordeaux), o Marquês foi inovador, e fez de sua vinícola a pioneira na Espanha a usar barricas.
Esse vanguardismo está presente até a atualidade, e em 1998 a vinícola deu novamente um passo a frente, e foi a primeira a unir ao espaço de produção um espaço para o lazer. Criou a Cidade do Vinho – para ampliar o conhecimento e conscientização sobre a bebida, sua história, cultura e filosofia – e um museu do vinho, um centro de pesquisa e treinamento, além de toda a infraestrutura do armazém antigo da Marqués de Riscal.
E, claro, um hotel que fica dentro desse complexo, projetado pelo canadense Frank O. Gehry.
Pois é...
O enoturismo na Rioja Alavesa oferece opções diversas além da degustação dos seus belos vinhos. Gastronomia, história, esportes voltados à natureza e arquitetura são fatores que alavancam o desenvolvimento da região, ajudando a manter o seu povo cultivando e tirando seu sustento da terra cultivada há séculos por seus ancestrais.
