Era apenas um lugar para um grupo de amigos… mas acabou virando um dos principais points do motociclismo e rock’n’roll da região de Pomerode.
texto LU ZUÊ
fotos MARCO CEZAR
Cerca de 11 séculos separam o surgimento dos vikings e o aparecimento dos motociclistas. Em Pomerode – mais especificamente no Manga Rock Bar -, esses dois grupos tão distantes na história se integram em uma atmosfera personalizada pelo proprietário, o empresário e motociclista Fredi Behling, popularmente conhecido Manga Fredi.
A fusão dos temas tem a ver com o espírito de liberdade e aventura que acompanha tanto os povos nórdicos que se espalharam pela Europa, quanto aqueles que curtem a vida sobre duas rodas. Segundo Fredi, a inspiração para a decoração viking utilizada no bar também tem a ver com a vinda do seu bisavô da Pomerânia, de onde deriva o nome da cidade: “Acho que as histórias se misturam. Meu pai, por exemplo, curtiu muito a onda das motocicletas nos anos 1960. Ele teve moto, lambreta, mobilete. E eu também acabei indo pelo mesmo caminho. Faz seis anos que deixei de trabalhar na indústria têxtil, que durante anos foi minha ocupação. E hoje, além do bar temos o Manga Camping. É uma evolução constante”.
O Manga Rock Bar surgiu meio que na “garupa” do grupo de amigos Griffus, formado por casais motociclistas de Pomerode (no Vale do Rio Itajaí), conhecida como a cidade mais alemã do Brasil. Criado em 2010, o grupo foi batizado com o nome do Grifo, ser lendário de origens asiáticas milenares, que é um híbrido entre a águia e o leão. Trata-se de uma homenagem ao Grifo da Pomerânia, presente na bandeira do município. Como o grupo precisava de um local para se encontrar – principalmente para ouvir rock’n’roll e fazer churrasco -, o terreno da casa de Fredi serviu de base inicial. O aumento da demanda, porém, fez com que o local se transformasse num ambiente “profissional”, sem perder o espírito de união tão caro aos frequentadores. “Com o bar, alguns amigos pediam para acampar no pomar que fica dentro do terreno da minha casa. O pessoal queria curtir, beber cerveja e ficar por ali mesmo, sem ter que precisar pilotar as motos de volta para casa. Foi assim que nasceu o camping. Uma coisa levou à outra”, explica Fredi.
Família, pandemia e Harley-Davidson
Toda a família de Fredi ajuda a manter o projeto envolvendo o bar e o camping. “Minha mulher, Betina, é uma grande parceira, tanto no Griffus quanto no trabalho. Nathan, meu filho mais velho, é muito interessado nas motocicletas; já Theodor, o caçula, nem tanto. Mesmo assim, todos ajudam de alguma maneira a tocar os negócios. De certa forma, continua sendo um empreendimento familiar, mas hoje eu já tenho a ajuda de outros funcionários porque o projeto cresceu”, revela.
Durante a pandemia da Covid-19, o bar permaneceu fechado, mas o camping se manteve como um lugar bastante procurado por turistas. Para Manga, Pomerode tem se destacado muito na área do turismo, o que manteve a cidade movimentada apesar dos efeitos desse período de isolamento. “Claro, foi um período ruim para todo mundo. Hoje, porém, estamos retomando as atividades. Abrimos o bar uma vez por mês para o público em geral, sempre com uma banda de rock. E nos outros dias alugamos o espaço para eventos privados”, afirma.
Manga também sentiu na própria pele os efeitos do coronavírus, chegando mesmo a passar algum tempo numa UTI de um hospital. “Sabe quando a vida dá um trança pé na gente? Aí eu pensei: ‘eu tenho de aproveitar agora, porque pode não dar mais tempo’. Foi então que decidi realizar um sonho antigo e comprei uma Harley-Davidson”. A motocicleta anterior, uma Suzuki 1500 Intruder, permanece na família há mais de duas décadas. “Tenho uma certa dificuldade de me desfazer das coisas”, comenta. Não por acaso, para além do bar, do camping e das motocicletas, sua fama em Pomerode também é a de uma pessoa que reaproveita os materiais que muitos jogariam no lixo. “Vou em oficinas de automóveis e fico procurando objetos que podem ser úteis em algum projeto. Muitos deles acabam fazendo parte do bar, que foi sendo montado aos poucos”, destaca. A decoração peculiar reúne tanto objetos antigos garimpados por aí (algumas relíquias, na verdade!) quanto peças produzidas artesanalmente pelo próprio Manga. “Adoro caveiras”, conta. Nem precisava dizer!
E um detalhe: parece que o ambiente nunca está finalizado, pois cada vez que se entra no bar é possível encontrar uma nova peça – ou peças – decorando o lugar.
Evoluir é um verbo-chave na vida de Fredi. Se o acaso teve sua parcela de responsabilidade, também foi com a determinação de um motociclista viking que seus projetos tiveram sucesso. “Felizmente, o Manga Rock Bar e o Manga Camping são duas referências em Pomerode. Como eu disse antes, vejo isso tudo como uma evolução constante. Depois do que passei com a Covid, tento enxergar as coisas de boa, porque se levar a sério demais só atrapalha. Acho que isso tem tudo a ver com o espírito de quem tem uma Harley-Davidson e curte estar perto de outras pessoas com os mesmos interesses”, finaliza.
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