Em 2O14, Florianópolis recebeu esse honroso título chancelado pela Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco
texto NARBAL CORRÊA
fotos MARCO CEZAR | NARBAL CORRÊA | ARQUIVO PESSOAL
É curioso, mas apesar de a gastronomia de Santa Catarina nunca ter alcançado destaque no cenário nacional, surpreendentemente, Florianópolis foi a primeira cidade brasileira a receber este selo. Confesso que essa foi uma das notícias que recebi com mais espanto, mas principalmente com muita alegria.
Sempre achei que um dia a singela mistura de cebola, alho, pimentão, tomates, alfavaca e condimentos seria valorizada. Por mais que seja frugal, a mistura desses ingredientes entrando na panela, na ordem descrita, apresenta nossa base culinária nos últimos 250 anos. O reconhecimento dado à nossa cidade atesta que temos uma gastronomia pujante.
Todo esse movimento para criação da Rede de Cidades Criativas Unesco em suas sete áreas – Artesanato e Arte popular, Artes Midiáticas, Design, Literatura, Gastronomia, Cinema, Música – teve início em um encontro na cidade de Monza, no ano de 2009, para discutir indústrias criativas.
Participaram 150 convidados do mundo todo, e entre eles estavam Anita Pires e Eduardo Barroso, na época representando a Fundação Catarinense de Cultura. Foi quando descobriram a existência da rede mundial que estava começando com pouquíssimas cidades, e o diretor da UNESCO solicitou aos nossos representantes que colocassem alguma das cidades da America Latina no programa.
A primeira escolhida foi Florianópolis na área de gastronomia. Foi montado um grupo com apoio de Fapesc – à época comandada pelo Dr. Antônio Diomário Queiroz -, e produzido um dossiê justificando o pleito. Porém, houve mudança nos planos e a Unesco suspendeu o programa. Somente em 2014, quando ele foi reativado, nossa cidade recebeu o honroso título.
No caso de Florianópolis, quem tem a missão de administrar a chancela é a Associação FloripAmanhã com apoio de um grupo gestor formado por outras 17 entidades. Como defensor implacável da nossa rica gastronomia, me ofereci para colaborar oferecendo o jantar de encerramento da oficina criativa denominada Design + Artesanato + Gastronomia, com a participação de 40 pessoas, entre designers brasileiros e do exterior, gastrônomos, ceramistas e rendeiras. Foi com essa ação que vi a oportunidade para divulgar institucionalmente nossa riqueza culinária.
Pouco tempo depois, fui convidado para representar nossa cidade em um congresso na cidade de Popayan, em setembro de 2016. Ao regressar da Colômbia fundamos a Confraria dos Chefs, ligada à FloripAmanhã e formada por cozinheiros, proprietários de empreendimentos gastronômicos, produtores, entidades e outros interessados.
A confraria teve sua primeira reunião em 24 de outubro de 2016, quando fui empossado coordenador. Nos últimos oito anos, diversos chefs de Florianópolis viajaram pelo mundo a convite de outras cidades da rede, apresentando nossa rica culinária. Além da Colômbia, estive na Ásia quatro vezes sendo três delas na China e uma na Tailândia.
